Álcool ou gasolina? 20 anos do Total Flex

VW foi a primeira a lançar tecnologia para usar dois combustíveis no tanque

 

A tecnologia que deu ao consumidor brasileiro liberdade de escolha e a possibilidade de optar pelo combustível mais econômico comemora 20 anos. O Total Flex foi desenvolvido no Brasil e apontado internacionalmente como exemplo de contribuição da indústria automobilística à sustentabilidade e à preservação ambiental. A tecnologia Flex, aliás, é apontada como mais eficiente que os carros eléricos.

Em março de 2003 a Volkswagen mostrou ao público o Gol Power 1.6 Total Flex, primeiro modelo no país capaz de rodar com gasolina, etanol ou a mistura dos dois combustíveis em qualquer proporção. Substituto do Gol, o Polo Track é o mais novo modelo da marca a ser equipado com a tecnologia. Até mesmo o Taos, fabricado na Argentina, é flex. Desde o lançamento do primeiro modelo Total Flex, a Volkswagen do Brasil já comercializou 8 milhões de veículos flexíveis. Os dados contabilizam as vendas desde março de 2003 a fevereiro de 2023.

A investigação da possibilidade de usar misturas de etanol e gasolina iniciou em 1992, juntamente com o desenvolvimento do sistema de injeção de combustível com controle digital. Já no início dos anos 2000, a decisão da Volkswagen em implementar o Total Flex foi suportada pela existência de infraestrutura estabelecida para o etanol, pelo interesse do consumidor, e pela maturidade da tecnologia de controle digital dos motores, desenvolvida ao longo da década de 1990.

De lá para cá, muito mudou em termos de tecnologia. A Volkswagen lançou a primeira versão de um carro Flex sem o “tanquinho” no Polo eFlex, em 2009. As rotinas de software ficaram mais sofisticadas, identificando de forma mais segura o combustível e adaptando rapidamente o motor.

Há duas décadas, os motores flexíveis continuaram a ser desenvolvidos, visando sempre a maior eficiência energética e, consequentemente, a redução de emissões. Inaugurado recentemente, o Way to Zero Center, localizado na fábrica da Anchieta, é o local de pesquisa que abrange projetos e tecnologias que irão contribuir com a descarbonização do setor automotivo, o que inclui a pesquisa em etanol.

 

Palavra de quem teve 

O editor do portal Eu Dirijo, jornalista Guilherme Rockett, teve uma Parati Track & Field 2005 e um Gol Power 2010, ambos com a tecnologia Total Flex.

“Tive a Parati e o Gol na sequência, entre 2012 e 2016. A Parati rodou dos 115 aos 200 mil quilômetros comigo. O Gol foi dos 40 aos cem mil km. Nesse tempo, conto nos dedos as vezes que abasteci com etanol os dois carros. Nunca compensava aqui no Rio Grande do Sul. Mas o funcionamento era normal com qualquer combustível e sem problemas causados por usar um ou outro.”

Ao que parece, nesses vinte anos, o país não foi capaz de organizar e incentivar a produção de etanol.