A BYD está lançando no Brasil uma linha completa de veículos. O compacto Dolphin – que já está sendo vendido – e o sedã médio Seal – que ainda não foi lançado – são os representantes mais novos da gama luxuosa e tecnológica da marca. O que muita gente não sabe é que além desses, há também dois modelos pensados essencialmente para o trabalho e que estão à venda nas concessionárias da marca, entre elas a do grupo Iesa, em Porto Alegre, onde nós conhecemos os modelos. Um deles é o MPV D1 e o outro a van eT3.
BYD D1
MPV é uma sigla em inglês para veículo de múltipla proposta. Exemplos deles nós já tivemos aqui no Brasil com a Chevrolet Meriva e o Honda Fit. O D1 segue essa linha e é uma releitura chinesa dos táxis londrinos. Aliás, é exatamente pra isso que ele serve: o modelo é completamente pensado para o transporte individual de passageiros.
O D1 foi desenvolvido em conjunto com uma plataforma de mobilidade. Para isso, portas traseiras foram levemente alongadas e o espaço entre o assento traseiro e os bancos dianteiros é duas ou três vezes maior que o encontrado em um crossover tradicional. O principal diferencial é a porta traseira direita corrediça, que se abre com sistema elétrico. Basta o motorista parar, acionar um botão, que a abertura é feita de maneira silenciosa para permitir o acesso do passageiro ao banco traseiro.
A altura do solo de 12cm facilita a entrada e a acomodação. O assento traseiro tem rebaixos para melhorar o conforto dos ocupantes. Os bancos aliás, são forrados em um material sintético que se assemelha a um couro emborrachado. Fácil de limpar, assim como o revestimento do carro, onde o plástico predomina. Tom cinza escuro e branco estão nas portas e no painel, em plásticos rígidos, não pensados para o luxo mas sim para o trabalho.
Na tela central, o motorista comanda a climatização do carro, um ar-condicionado digital. Nela também estão configurações do veículo, como o modo de regeneração de energia e até mesmo o comportamento do carro, se o condutor quiser mais esportivo ou mais econômico. Ao contrário dos outros BYD, o D1 não rotaciona a tela, ela é fixa.
Atrás do volante de três raios, há um minúsculo painel, com não mais do que quatro centímetros de altura. Ali estão apenas informações essenciais como o velocímetro, o modo de condução, a carga da bateria e autonomia do carro. Poderia ser uma tela maior, mais vistosa e mais interessante para o condutor, já que ele merece poder olhar para um painel bonito se ele terá de ficar o dia todo trabalhando no veículo.
Rodar dentro da cidade com o BYD D1 mescla a experiência de conforto dos modelos luxuosos da marca com uma vocação mais interessante para o trabalho. A suspensão é macia e vai agradar os passageiros no banco de traz. O desempenho não impressiona e o carro tem acelerações retomadas suaves. Não foi feito para correr mas ainda assim sobe aclives com competência.
Na estrada, a velocidade máxima é limitada em 130 km/h. Os percursos rodoviários fazem com que a autonomia do carro diminua, assim como o padrão dos carros elétricos, que consomem mais energia em altas velocidades. Rodando em condições melhores e com uma carga da bateria completa, a marca promete uma autonomia superior a 350km. Algo que varia muito conforme o estilo de condução.
Durante avaliação do modelo no canal VEÍCULOS & VELOCIDADE, foi possível levar uma passageira usuária de aplicativo, que elogiou a forma de abertura da porta, o acesso ao veículo e o conforto do banco traseiro. O espaço, inclusive, impressionou.
A van elétrica
O transporte de cargas e encomendas dentro da cidade se mantém em alta após a pandemia porque muita gente percebeu que é mais fácil fazer compras pela internet. É exatamente esta a vocação da van eT3. O furgão leva motorista e passageiro na frente, tem a área traseira totalmente fechada e revestida com piso de metal. É um baú para 808kg de carga.
O acesso pela tampa traseira é facilitado por que a abertura vai até a
parte de baixo, junto ao pára-choque. Como a tampa é grande, ela também oferece abrigo para carregar ou descarregar mesmo com chuva. Facilita o processo o fato do eT3 ter duas portas laterais corrediças. Assim o acesso para o compartimento de carga pode ser feito pelos dois lados do carro
A vocação da van é urbana e para o trabalho. No entanto, ela trata muito bem o motorista e o passageiro. Os bancos tem formação em material sintético e aquecimento. O sistema de ar-condicionado digital e pode ter a temperatura programada. Há tela multimídia no painel e o cluster tem instrumentação analógica em conjunto com uma tela digital com o computador de bordo e as configurações do modelo.
A velocidade máxima limitada em 100km/h e a van tem acelerações mas progressivas. Nada de colar o corpo no banco, até porque nem essa é a proposta. A suspensão é rígida e firme para aguentar tanto buracos quanto o carro carregado. O conjunto traseiro usa eixo rígido e feixe de molas semi-elípticas para aguentar o trabalho.
Rodar com o modelo na cidade exige um pouco de adaptação do condutor que não está habituado com a posição de conduzir. Falta uma regulagem de altura do banco do motorista para que os joelhos não fiquem elevados em relação ao assento. O volante é mais inclinado, próximo ao de um Kia bongo. No entanto, para quem está habituado com as entregas neste tipo de veículo, o modelo surpreende pela quantidade de itens e equipamentos que possui.
No fim das contas, os dois carros de trabalho da BYD mostram que a marca está apostando alto no Brasil e tem soluções para todo o tipo de necessidade. Também não abre mão de oferecer carros completos mesmo que eles sejam comprados por uma pessoa para serem utilizados por outras.