C3 Feel Pack 1.6 16V: vale a versão topo?

A versão Feel Pack equipada com motor 1.6 16V e câmbio automático é a menos comum do Citroën C3. O compacto faz bastante sucesso com o motor 1.0 Firefly. Mas o 1.6 16 válvulas EC5, que veio no surgimento do C3 no Brasil ainda consegue ser eficiente? Depois do teste do canal VEÍCULOS & VELOCIDADE, podemos afirmar que sim.

Veja o teste neste link: https://youtu.be/aPT-z7nvxgA

A versão topo de gama custa R$ 97,8 mil. O único pacote opcional inclui apenas frisos. Mas para que o C3 Feel Pack fique igual ao das fotos, é preciso colocar a pintura biton, como esta, no tom cinza Artense e o teto preto. Há opções de teto branco ou preto, conforme a cor da carroceria. Uma das possibilidades é a pintura azul mais o teto branco ou preto. Com isso, chegamos a um Citroën C3 de cem mil reais. Entretanto, o opcional da pintura é importante por que valoriza bastante o carro e o diferencia dos outros. O modelo também recebe os espelhos pintados em preto, não apenas em um tom fosco.

Por fora, a versão topo de gama ainda se diferencia por oferecer os faróis de neblina na parte inferior do pára-choque dianteiro e manter a luz de condução diurna em led, equipamento que já está presente na versão intermediária Feel. Na lateral, as rodas de liga leve são diamantadas e este é o principal destaque da versão topo, que inclui barras no teto.

Exceto pelo DRL, todo o restante da iluminação usa lâmpadas incandescentes, inclusive na traseira. O diferencial do Feel Pack está na câmera de ré. Mas mesmo na versão topo, ele não tem sensor de estacionamento. O que pode induzir ao erro em uma manobra, quando o motorista da ré, olha na câmera e aguarda pelo bipe do sensor que não vem. Uma mínima encostada na traseira pode provocar um dano na tampa do porta-malas, que ficar rente ao para-choque.

Entre os equipamentos, câmbio automático, volante de direção tem revestimento, espelhos retrovisores elétricos e os quatro vidros elétricos, que podem ser levantados ou baixados pela chave telecomando. Ar-condicionado e direção elétrica são equipamentos de série em todas as versões. O manuseio dos botões não tem rangidos nem passa impressão de plástico de baixa qualidade. Ao contrário, é consistente.

A central multimídia tem dez polegadas e é colocada na posição horizontal. Tem interface intuitiva e fácil manuseio mas poucas funções e não há internet embarcada. A câmera de ré não ocupa toda a porção da tela. Ponto positivo para quando o motorista está utilizando o mapa do pareamento sem fio com celulares e permanecem em tela comandos para volume e acesso rápido aos menus. Não há botões físicos na central multimídia, apenas no volante de direção é possível aumentar ou reduzir volume e alterar as estações do rádio. O problema nesse caso é que um toque avança entre as rádios na memória pré-determinada. Para que a seleção possa ser mais fina, é necessário ficar pressionando o botão até que ele, sozinho, encontre uma frequência pelo sistema de busca automática.

Falta para a central multimídia uma função com informações do computador de bordo do veículo. Uma tela para reunir o hodômetro parcial e a marcação do consumo de combustível, como acontece no sistema e U-connect da linha Fiat. Isso seria importante porque o painel de instrumentos é aquele cluster quadrado, pequeno, que sequer tem conta-giros. Monocromático, ele reúne informação do câmbio, velocímetro, marcador de combustível no tanque indicador de temperatura. Para acessar as funções do computador de bordo, há apenas uma linha dedicada à elas.

Uma função se sobrepõe a outra. Não é possível ver autonomia e consumo ao mesmo tempo. O acesso para alternar entre elas ainda é ruim, por uma lingueta direto no console, tal como era para zerar hodômetro parcial dos carros dos anos dois mil.

No banco de trás, ótimo espaço para pernas e posição que deixa o ocupante olhando por cima dos ombros dos que estão na frente. Passageiros andam em posição mais alta e ainda assim conseguem ter uma boa movimentação de pés. Duas entradas USB estão disponíveis para carregamento de dispositivos no banco de trás, coisa que as outras versões não têm.

 


Dirigindo na cidade

Conduzir o Citroën C3 é uma experiência agradável, principalmente quando o carro é usado em ruas com paralelepípedo ou pedra irregular, ou até mesmo em estradas sem pavimento. A suspensão elevada garante tranquilidade para rodar sem sustos e também para acessar rampas e garagens. Macia, a suspensão faz o carro oscilar quando encontra ondulações na pista ou passa por algum obstáculo. Essa característica é observada em todos os Citroën C3. Não é um carro com suspensão firme e performance esportiva. O modelo é pensado para o conforto e a suspensão macia vai agradar essencialmente quem busca um carro para uso urbano. Em curvas, deixa o carro enclinar e exige parcimônia.

O motor 1.6 16V

O motor EC5 equipa a linha da Peugeot e da Citroën desde o início dos anos dois mil, quando as duas fábricas começaram a produzir carros no Brasil. No início, o propulsor exigia um pouco mais de atenção na hora da manutenção. Hoje, 20 anos depois, profissionais de mecânica já estão mais habituados com o conjunto. O novo C3 ainda se diferencia por oferecer um cofre maior, com mais espaço para a manutenção, bem diferente do que eram Peugeot e Citroën de anos atrás.

O conjunto propulsor utiliza correia para acionamento do comando de válvulas, tem comando duplo e variação na admissão dos cilindros. O propulsor gera 113 cavalos de potência quando abastecido com gasolina e 15,4 kgfm de torque, com o mesmo combustível. Na prática, o C3 1.6 é um carro agil e com respostas rápidas no trânsito urbano. Em rodovia, também mostra disposição para ultrapassagens e retomadas, com o motorista de olho no velocímetro para não ultrapassar facilmente as velocidades permitidas. O C3 é daqueles carros que, ainda que com uma suspensão mole, instiga acelerar um pouco mais, andar mais rápido, sem que a gente se dê conta disso.

Mesmo com um motor maior e de concepção antiga, as médias de consumo conseguiram ficar próximas aos números obtidos nos testes das versões equipadas com motor 1.0 Firefly. Em um dia frio, rodando dentro da cidade sem uso do ar-condicionado, foi possível chegar a 12km/l. Já utilizando o equipamento, a média ficou na casa dos 11km/l, sem trânsito pesado. Em rodovias, o motorista que conseguir dosar o pé no acelerador pode chegar a marcas de 15km/l. As médias de consumo surpreenderam, já que o teste do Peugeot 2008 Style mostrou um carro com consumo bem maior para o mesmo motor. O modelo não foi muito além dos 12,5km/l em rodovias.

O C3 Feel Pack reune motor de mecânica mais consolidada, aceleração e retomadas rápidas e mais: bom consumo de combustível. Por isso, a versão topo de gama pode ser a alternativa para aquela família que só pode ter um carro e gostou do C3. Mas quer algo mais do que o propulsor 1.0 e o câmbio manual. Isso porque o motor 1.6 vem combinado com a caixa automática de seis marchas. Não é um câmbio do tipo continuamente variável. Ele têm marchas reais e um desempenho bem superior ao encontrado no Fiat Argo Trekking 1.3 CVT. Ainda que o C3 seja mais caro, quem espera boas retomadas e mais disposição, encontra no Citroën um conjunto bem mais interessante do que o modelo da Fiat.

 

Texto e fotos: Guilherme Rockett