Renegade com 101 mil km vale?

Com uma série de lançamentos posteriores, inclusive dentro da própria linha da Stellantis, o Jeep Renegade ainda vende bem mas não tem mais cara de novidade. Quase oito anos depois do seu lançamento, muitos carros já estão com mais de um dono e quilometragem alta. Em parte, é o que acontece com este Jeep Renegade preto, avaliado em um review pelo canal VEÍCULOS & VELOCIDADE.

Estamos falando da versão intermediária Longitude 1.8 Flex, motor e-Torq, ano 2017 e 101 mil km rodados com uma única dona. Será que um Renegade usado e mais rodado vale a pena?

O lado bom é que por fora as mudanças não transformaram o Renegade em um carro de nova geração no modelo atual. Neste de 2017 a dianteira ainda é a tradicional, da primeira safra, em que os modelos flex sem tração 4×4 vinham com uma saia mais baixa na frente. Neste, em específico é possível notar que os faróis de neblina estão íntegros, quase como se estivessem saindo da fábrica. É bem comum ver na rua carros com os faróis escurecidos pela infiltração de água. Esse já é um item que o futuro dono do Renegade pode analisar para verificar se está comprando um carro em melhor estado de conservação.

Outro destaque está na traseira do veículo, mais precisamente dentro do porta-malas. A primeira safra tinha o compartimento com tamanho menor, 260 L. A vantagem disso é que ele trazia um estepe exatamente igual ao pneu de rodagem, uma roda de liga leve. Neste, o estepe original está preservado e é aro 17. A versão Longitude tinha as rodas diamantadas aro 18 como opcionais. Em anos seguintes, o estepe do Renegade passou a ser menor e, para aumentar a capacidade do porta-malas, o piso podia ser rebaixado ou elevado.

No interior do carro analisado, pouco se percebia que era o veículo de mais de cem mil quilômetros. A hidratação no couro, feita regularmente, manteve assentos e volante intactos e perfeitos. Segue em preservados o painel suave ao toque, que abriga o sistema de mídia. Este, uma tela menor, mas que era novidade quando o modelo foi lançado e oferece tecnologias ainda atuais. Mesmo que o visor seja pequeno, ele possui câmera de ré com linha de guia dinâmica e até navegação embarcada. O ar condicionado digital de dupla zona está presente neste Longitude e é até comum no modelo. Mas era um opcional na época.

Embaixo do capô, o motor 1.8 e-Torq ainda é da safra cuja potência era mais baixa, 130 cv cavalos com gasolina. O Renegade nunca foi um carro de proposta esportiva nem pretendia empolgar. É um carro para manter velocidade de cruzeiro com muita suavidade e é exatamente isso que o motor proporciona.

Suavidade, aliás, é o que fica garantido com a suspensão independente nas quatro rodas, em que, num carro com mais de cem mil quilômetros, ainda garante muita capacidade para andar em ruas de pedra, estradas de terra e situações com buracos. Minimamente é possível perceber que se trata de um carro mais rodado e que pode haver desgaste natural nos componentes. No entanto, nada de batidas ou amortecedores no fim da vida útil. Longe disso. O que mostra a capacidade e durabilidade do veículo.

Dentro do carro, a sensação de conforto é garantida e também a imersão quando o motorista se posiciona. O capô longo com o “nariz” ao centro, o pára-brisa largo e a sensação de tamanho predominam e garantem identidade ao modelo.

A média de consumo entre cidade e muitos percursos de estrada estava em 10,2km/l. Número razoável para um carro médio, com motor 1.8 e que exige um pouco mais de pressão no acelerador para retomadas mais vigorosas.

 

Manutenção

Com muitos sensores e equipamentos tecnológicos, a manutenção de um Jeep Renegade pode ficar mais cara quando houver a necessidade de substituição de peças. Há casos de panes em sensores de estacionamento ou componentes eletrônicos. Por isso, é importante perceber nos detalhes o cuidado dos donos anteriores. No caso do Renegade avaliado, um carro bem tratado, mesmo com quilometragem alta, podemos perceber que ele tem capacidade de ser durável e preservar as características de conforto e suavidade. O que mostra que o que o número do hodômetro pode ser apenas relativo.

 

O trocador de calor

O equipamento merece atenção do futuro proprietário é uma peça em que nela entram dois canos em paralelo. Um líquido de arrefecimento e outro com o óleo de lubrificação do câmbio. Proprietários que misturavam água no líquido de arrefecimento provocavam uma oxidação dentro dessa peça e a água se misturava óleo, até parar dentro da transmissão automática de seis marchas.

Os danos podiam ser muito grandes, com problemas nas engrenagens, ou “apenas” a limpeza e troca dos fluidos. Consertos mais simples ainda assim são caros, por volta dos R$ 3 mil. Se o câmbio for comprometido, a cifra aumenta e muito. Há relatos de problemas em carros pouco rodados. No entanto, a gente destaca aqui a experiência de dois proprietários cuidadosos.

Neste carro analisado, ano 2017, com todas as revisões na concessionária, não houve problema. Em outro, um Longitude 2019, o proprietário fez revisões em concessionária e em mecânica de confiança. O profissional identificou o problema ainda no em fase inicial, aos 93 mil km. Isso mostra que carros que usaram fluído de arrefecimento sem mistura com água não sofreram danos significativos.

A primeira manutenção a ser feita com um Renegade automático é a inspeção na peça, que pode ser realizada em oficinas especializadas nas transmissões automáticas. Outra opção são oficinas mecânicas mais experientes, que já possuem familiaridade com problema e conseguem apresentar soluções.

 

Redação e imagens: Guilherme Rockett