Ela será Fiat no Brasil mas tem outro nome lá fora
Titano é o nome da picape média da Fiat, que chega para concorrer com Hilux e S10. Ela deve ser posicionada acima da Toro e entrar em um segmento que a marca nunca esteve.
O nome Titano é inspirado na mitologia grega, a entidade que enfrenta Zeus e os demais deuses do Olimpo em sua ascensão ao poder. Além disso, pode ser vinculado também ao metal titânio, o mais resistente usado pela indústria de alta tecnologia. A denominação faz referência a toda a força que a picape promete ter.
O vídeo divulgado como teaser pela marca mostra a silhueta lateral e a traseira, com lanternas de led. Na frente, grade com logo Fiat e a Fiat Flag à esquerda do carro. Mas o desenho dos elementos da grade ao estilo Peugeot não nega a origem: trata-se da Peugeot Landtrek com nome Fiat. Esse será mais um caso de um mesmo modelo com nomes e marcas diferentes conforme o país.
Em países como o Uruguai e a Argentina, os Peugeot rodam há muito tempo por lá, bem antes de chegarem aqui, nos anos 1990, e não têm a fama de carros pouco duráveis, como tivemos por aqui. Eu mesmo vi em 2018, no entorno da pequena cidade de San Carlos, no Uruguai, um 205 GTi de uso diário, mas bem original e em plena forma. Por isso, faz mais sentido a picape se chamar Peugeot Landtrek nesses países.

No Brasil, a situação é diferente. A marca é mais vista pela ousadia de detalhes, carros completos, mas não tão resistentes. Já a Fiat ainda colhe o sucesso da Toro, lançada em 2017. Antes disso, a Strada Adventure chegou a incomodar as médias Ranger e S10 em suas versões cabine simples. Aqui no Rio Grande do Sul, quem ia todo o dia para a fazenda, mas não precisava de uma tração 4×4, percebeu que a picape compacta tinha valentia e gastava bem menos combustível.

Quando a Toro chegou, puxou para si aquele público que queria a praticidade de uma picape mas não queria abrir mão do conforto de um sedan. O produto se consolidou, passou por um facelift e ganhou um motor novo.

E agora?
A Landtrek – ou Titano – virá para disputar mercado diretamente no segmento de D-picapes. Hilux e S10 dominam as vendas e são seguidas por Ranger, Frontier e L200. As japonesas são conhecidas pela durabilidade. A Ranger tem proposta de oferecer um pouco mais de conforto, assim como a Frontier. A S10 leva vantagem no custo-benefício, por ser mais acessível que a Hilux.
A picape da Fiat vem nesse meio, para tentar encontrar espaço. O problema é que aqui as coisas são mais difíceis. Primeiro porque não há um nicho de mercado carente de um produto, como havia para a Strada Adventure e para a Toro. Segundo porque o consumidor de picape é mais conservador. Dono de Hilux não arrisca trocar por outra porque usa a picape para ir à fazenda todos os dias e não quer dor de cabeça. Dono de S10 sabe que tem custo de peças de reposição num padrão razoável e facilidade de manutenção.
A força da Titano está no fato de que a Stellantis sabe bem o que faz. Prova disso é o que aconteceu com Peugeot e Citroën nos últimos tempos. Ganharam motores confiáveis e versões mais atrativas. O resultado foi uma melhora nas vendas.
E por que não é “Ram Titano” no Brasil?
Essa pergunta talvez seja a mais difícil de responder sem que a gente tenha de supor algumas coisas. Em outros mercados, a Titano deve sim ter marca Ram. Aqui no Brasil, a marca é vista mais como uma grife do que algo voltado para o trabalho. Em geral, o cliente é aquele que usa a picape na cidade, tem uma Hilux para ir na fazenda e a Ram para o shopping. Assim, resta mesmo para a Fiat assumir a maternidade da Titano aqui no Brasil.