A General Motors anunciou investimento de R$ 1,2 bilhão na fábrica de Gravataí. A planta deve ser modernizada para a produção de um novo modelo que começará a ser fabricado em 2026 no Rio grande do Sul.
O anúncio foi feito pelo presidente da General Motors América do Sul Santiago Chamorro, com a participação do governador do Rio grande do Sul Eduardo Leite, prefeito de Gravataí, deputados e também os funcionários da montadora.
O valor de R$ 1,2 bilhão está entre os R$ 7 bilhões anunciados pela GM para serem investidos no Brasil entre 2024 e 2028. “Hoje damos pontapé inicial para futuro com novo modelo inédito para o mundo”, afirmou Santiago Chamorro.
A instalação de Gravataí já é a mais produtiva do Brasil e está entre as cinco mais eficientes do mundo para a General Motors. A fábrica já trabalha no conceito da indústria 4.0 e tem certificações de ergonomia e preocupação ambiental.
A empresa não comentou se o investimento vai aumentar as vagas de trabalho em Gravataí. O sindicato dos metalúrgicos da cidade afirma que hoje são aproximadamente cinco mil colaboradores que trabalham na fábrica.
E o carro novo?
Uma coisa é certa: não será híbrido nem elétrico. A afirmação foi feita pelo presidente da GM América do Sul na entrevista aos jornalistas. “Por enquanto não. A gente acredita neste mercado grande que a pluralidade tecnológica faz sentido. Então temos veículos de combustão interna e teremos no futuro veículos elétricos e veículos híbridos localizados e industrializados no país. Por enquanto é combustão interna.”
O presidente afirmou que o veículo deve completar o portfólio dos modelos da marca especialmente com a picape Montana e o crossover Tracker. “É um segmento que ainda não atuamos”. Ele também deve ser construído sobre a plataforma GEM, a mesma do Onix e do Onix Plus. Por isso, uma das apostas seria algo como a versão aventureira do Onix para ser posicionada entre o hatch e o Tracker. Tal como Argo e Pulse.
O presidente também deixou claro que o investimento na fábrica não é para a reestilização do Onix atual, que já está em andamento e deve ser apresentado em breve. O valor seria exclusivo para o desenvolvimento do novo modelo.
O próximo lançamento será o quarto carro a ser produzido na fábrica da GM em Gravataí. A produção iniciou em 2000 com o lançamento do Celta, fabricado até 2014. Depois foi a vez do Onix e agora do Novo Onix e Onix Plus, a versão sedã do modelo.
Por dentro da fábrica
Entrar na linha de produção da GM de Gravataí é como imergir em um mundo em que humanos e robôs trabalham em paralelo um ajudando o outro. A fabricação acontece sempre em lotes de cores. Cada alteração no tom exige que seja feita uma limpeza nos bicos de pintura. Então para otimizar o processo, são fabricados de 20 a 30 carros de uma mesma cor e só então ela é alterada.
As carrocerias são pintadas em outro pavilhão e depois transferidas para a montagem dos carros. O processo começa pela tapeçaria, onde são instalados os forros de teto, carpetes e portas. Depois as próprias portas são retiradas para serem montadas com equipamentos como os vidros elétricos e também o sistema de som. Logo em seguida elas voltam para o carro original. Mas adiante os profissionais instalam os sistemas de limpadores de para-brisa, faróis e os periféricos do motor.
A mecanização evoluiu bastante desde quando a fábrica iniciou a operar no ano 2000. No início, por exemplo, a produção do Celta contava com um sistema que apenas apertava um parafuso de roda por vez. O operário tinha que repetir a operação nos quatro parafusos e depois conferir o torque de cada roda. Hoje, uma máquina aperta os quatro parafusos de uma só vez e ainda garante que o torque aplicado está correto. Se não estiver, ela para a produção.
Outra máquina curiosa é responsável por colocar os estepes nos porta-malas dos carros. Ela faz exclusivamente esse serviço e reduz o esforço do colaborador. As bases que os carros se movimentam possuem ergonomia para que cada profissional possa fazer isso sem esforço.
No fim o carro dá a partida pela primeira vez dentro da fábrica, onde é inspecionado por uma profissional com um scanner. No momento da visita a produção estava confeccionando um lote de Onix e Onix Plus pretos e brancos. A maior parte deles na versão LT. Porém, no final da montagem, foi possível ver um Premier e outros dois da versão de entrada.
Reportagem e fotos: Guilherme Rockett